Na Idade da Pedra



Estamos iniciando a segunda metade do ano e após as finais dos moribundos campeonatos estaduais, tivemos a grata experiência da Copa das Confederações, que mostrou pela primeira vez ao torcedor brasileiro o que é um evento futebolístico de primeiro mundo dentro do nosso país.

Foram 15 dias intensos com a seleção brasileira se reencontrando com o futebol e com a torcida no mágico dia 30/06 no Maracanã e após essa grande momento do futebol, voltamos a realidade do Brasileirão e as fases mais agudas da Taça Libertadores da América.

Independente do time que torcemos, quem é apaixonado por futebol se envolve com os grandes jogos, esperando sempre por momentos de emoção, beleza e superação. Situações clássicas e apaixonantes do futebol em nível mundial.

A tão esperada quarta feira de final de Libertadores da América chegou e todo o foco de todos os envolvidos com o futebol na América do Sul deveriam estar voltados para Assunção no Paraguai. Uma ação lógica se a visão dos "dirigentes" do futebol sul-americano tivessem o mínimo de visão mercadológica.

Infelizmente a região dos trópicos continua sob a fortíssima influência do espírito de colônia, no sentido mais amplo da palavra, com uma visão limitada, tacanha que ainda impera por essas bandas abaixo da linha do Equador.

Para comprovar o pensamento colonial sul-americano, tivemos bafômetro para a torcida do Atlético Mineiro antes de entrar em campo em Assunção, enquanto a FIFA conseguiu a liberação de consumo de bebida alcoólica nos jogos da Copa das Confederações devido a um dos seus principais patrocinadores.

O jogo começou e após 20 minutos de jogo, Ronaldinho vai cobrar um escanteio e é recebido com duas pedras. 

Naquele momento, após ter lido várias sobre negócios no futebol, me veio o insight para escrever este post, e gostaria de compartilhar os links abaixo para vocês tirarem suas próprias conclusões.

http://negociosdoesporte.blogosfera.uol.com.br/2013/07/17/quanto-vale-a-libertadores-para-o-galo-mais-de-r-100-mi/

http://exame.abril.com.br/rede-de-blogs/novas-arenas/2013/07/17/o-galo-e-a-sindrome-do-galinheiro/

http://exame.abril.com.br/rede-de-blogs/novas-arenas/2013/07/18/o-show-de-calouros/

http://www.espn.com.br/noticia/341987_em-crise-e-com-salarios-atrasados-presidente-do-olimpia-promete-casa-arrumada-apos-a-libertadores

Como contraponto aos três posts acima, leiam também o artigo abaixo:

http://www.sportskeeda.com/2013/05/30/fc-porto-the-best-in-the-business/

Após estas leituras, a pergunta que não quer calar é:

Ainda estamos ou não estamos na Idade da Pedra em termos de gestão e marketing no futebol sul-americano?

Enquanto o FC Porto, um time que faz parte do terceiro mundo em termos de futebol europeu, está a anos luz de distância em comparação a 99% dos clubes das bandas de cá.

O que faz o FC Porto ser tão diferente da gestão nos clubes sul-americanos?

Provavelmente a forma como o negócio futebol é administrado na Europa. O futebol é um grande negócio e não uma grande negociata como no nosso continente. 

O populismo que estava quase sendo extinto está voltando com força em toda América do Sul, e essa situação também se reflete no futebol. Tudo o que vale são os poucos anos de mandato dos presidentes, para deixar suas marcas, que a princípio podem até dar fugazes momentos de conquistas, mas as principais marcas são dívidas e mais dívidas, desmandos e falta de visão a longo prazo.

Essa situação se perpetua a cada mandato, que reflete nas organizações dos campeonatos, na politicagem barata e rasteira de interesseiros e tudo isso reflete dentro de campo, nos torneios deficitários, nos clubes endividados, caindo num ciclo vicioso que impede um grande salto de qualidade, mantendo o produto futebol na Idade da Pedra na nossa região.

O tão esperado choque de gestão parece que anda a passos da era do fogo, enquanto os que lutam pelo status quo atual permanecer, caminham na velocidade da internet.

Os milhares de profissionais e apaixonados pelo futebol precisam iniciar uma grande revolução para mudar este cenário, pois caso a situação não se alterar, nunca o futebol sul-americano vai sair de um vôo de galinha, de pequenos momentos de riqueza em volta de enormes períodos de pouquíssima lucidez na gestão esportiva.

Como o milagre brasileiro dos anos 70, será que o futebol também vai repetir o mesmo comportamento e se iludir com Arenas , que vão ficar às moscas em curto prazo, e não conseguir dar o tão esperado salto de qualidade?

Enquanto a MLS ( Major League Soccer ) tem 20 mil pessoas em média de público, o futebol penta campeão tem menos de 7 mil. Enquanto a Manchester City se une ao New York Yankees e forma o New York City Football Club, clubes finalistas da Libertadores da América se endividam cegamente e seu adversário não paga salários há 9 meses.

Até quando seremos fornecedores de pé de obra ao invés de produzir conteúdo na região? 

Nenhuma diferença dos países exportadores de commodities .

A Idade da Pedra continua entre nós e a mudança é urgente.



No meio do caminho tinha uma pedra
Tinha uma pedra no meio do caminho
Tinha uma pedra
No meio do caminho tinha uma pedra.
( No meio do caminho - Carlos Drummond de Andrade)





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